a morte saiu à rua a morte espelhada no teu rosto um esboço de antecipação negada todos os dias e a vida saiu à rua espalhada nos teus gestos firmes determinados e a espera do inominável que se reconhece ao longe quando o teu rosto se aproxima devagar do ponto do ocaso como se o mundo inteiro ainda estivesse muito mais além destes momentos de não-morte sempre enganada entorpecida pelos sons e desorientada com os odores inexplicáveis da terra molhada. a morte inteira na tua mão que escreve combativa porque é vida e a morte que assim se afasta para um lugar onde nunca iremos todos nós e os teus olhos dizem-me que te zangas que te entristeces e eu nunca seria capaz de os explicar quando bebo todo esse teu olhar imponderável esguio que à noite parece fruto da minha imaginação por entre todos os fantasmas da ilusão. agora és tu que não entendo e não a morte desconhecida és tu que vagueias nos meus sonhos porque descreves um movimento suspenso no instante em que a tua flecha me atinge e a sua origem parece estar toda concentrada no arco da tua existência. só não há morte porque o teu rosto vive noite e dia e a tua palavra diz tudo o que há para dizer até morrer.
2 comentários:
Olá querida Ana Paula,
Passo sem muito ruído, só para lhe dizer, que escreve muito bem!
Bj,
Manuela
Muito obrigada pelas palavras estimulantes, Manuela :)
Um beijinho para si.
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