«Descobri que o principezinho estava cheio de sono, peguei-lhe ao colo e recomecei a andar. Eu ia comovido. Parecia-me levar nos braços um tesouro muito frágil. Parecia-me até que não havia nada mais frágil à face da Terra. Contemplava, à luz do luar, aquele rosto pálido, aqueles olhos fechados, aquelas mechas de cabelo a tremer ao vento e pensava: "O que eu estou a ver não passa de uma capa. O mais importante é invisível..."
Desenhara-se-lhe um vago sorriso nos lábios entreabertos e eu pensei: "O que me comove tanto neste principezinho adormecido é a sua fidelidade a uma flor, é a imagem de uma rosa que, mesmo quando ele dorme, brilha lá dentro como a chama de uma vela." E ele pareceu-me ainda mais frágil. Porque, às velas, é preciso protegê-las: mal lhes dá o vento, apagam-se.»
Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho
Foto: A.P.