domingo, 13 de maio de 2012

Vampiros made in Burton

Fui ver o mais recente de Tim Burton. É uma paródia à actual moda dos vampiros: cheia de humor negro e de ironias. O filme não está por aí além muito bem cotado, mas eu diverti-me. E aposto que Johnny Depp e o realizador também se divertiram imenso a fazê-lo. Afinal, há filmes que servem para isso mesmo. Não vivemos nem queremos só grandes obras.
Mas... se nunca gostei muito da versão de Alice in Wonderland, dada a excessiva profusão dos cenários e guarda-roupa (para além da interpretação demasiado simplista dos paradoxos vividos pela inquieta Alice); dizia eu que nunca foi um filme da minha eleição, mas que este Dark Shadows recupera o melhor de Tim Burton em termos estéticos. E parece que é nisso que ele é melhor, ou talvez seja essa a dimensão em que mais tem investido. Contrariamente, a história, ainda que divertida e com alguns rasgos de humor muito bem conseguidos, fica-se pelo previsível, caindo numa série de lugares comuns - sobretudo vampirescos. No entanto, gostei muito da sobreposição das duas épocas. Afinal, passar do ambiente gótico-romântico ao estilo irmãs Brönte, ou transitar do retrato de Drácula criado por Bram Stoker (ainda que de passagem), para a década de 70 ao som dos Moody Blues - bom, esta é uma experiência muito bem conseguida.  



Afinal, apesar da história algo oca, o que fica é uma sátira ao herói gótico-romântico tão idolatrado ainda hoje, com os seus novos contornos traçados por Stephenie Meyer. Esta paródia bem-disposta ao Crepúsculo podia ser ainda muito melhor. Pois podia. Mas é o que é, e, ainda assim, vale a pena vê-la.
Tim Burton parece querer continuar um certo caminho: é a brincar que melhor se enfrentam os fantasmas, os medos e os receios. Por outro lado, assinale-se, não é obrigatório recorrer ao 3D para criar excelentes efeitos visuais.

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