sexta-feira, 27 de abril de 2012

corpografia

colocado sobre a mesa há um
lençol suave e branco
inquieto ondula sobre um corpo
recolhe-se uma perna
lenta desliza no tecido
estica-se depois.
inerte o corpo dobra-se
e grave já não sente
indiferente escorrega no lençol
um luar de frio penetra no soalho
reflexo prata vagueia nos cabelos
solta-se um braço comprido
uma mão fica pendente
encostada agora
junto à parede rugosa
um olho vê-a o outro está cansado
dir-se-ia então
uma forte impressão que grita
sob a química das palavras bonitas.

recolhido em si o corpo é fugidio
tão indiferente e quebrado
o braço caiu no chão
esquecido
o que diz
descobre-o o detective
no avesso do lençol
escrito com tinta urgente
lê-se
por dentro do corpo há um osso
que nunca poderás beijar.
 

A.P.

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